Ninguém sabe dizer o número, mas é certo que depois de festas tradicionais como páscoa e natal, aumenta o número de animais abandonados nas clínicas e parques de São Paulo. O mesmo acontece em todo o mundo: segundo a WSPA (Sociedade Mundial de Proteção Animal), mais da metade dos coelhos, cães e gatos adquiridos nesses períodos, são abandonados. Em São Paulo são 25 mil cães e gatos recolhidos anualmente pelo Serviço de Controle de Zoonoses, dos quais apenas 1.200 conseguem um novo lar.
Os motivos para o abandono são vários: viagem de férias e ninguém para abrigar o animal, desistência do “brinquedo”, o trabalho gerado pelo animal, uma eventual deficiência física ou doença, problema de comportamento e outros. É sempre o mesmo artifício: à noite abandonam nas portas de faculdades ou de hospitais veterinários, nas clínicas, nos parques municipais ao amanhecer, ou mesmo à plena luz do sol, nas feiras e parques da cidade. Nos pet shops, geralmente entregam o animal para um procedimento, fazem mil recomendações e nunca mais retornam, deixando o mascote para quem se interessar.
Diariamente o Serviço de Zoonoses da Prefeitura de São Paulo tira das ruas cerca de 60 animais entre cães e gatos, menos de 20% consegue abrigo, os demais são sacrificados, mesmo destino dado a animais abandonados em clínicas: não há como alimentar a todos. Ongs (Organizações não governamentais) de proteção à vida animal de todos os tipos promovem feiras e campanhas de posse responsável. Uma das feiras é feita todos os anos em outubro, no dia de São Francisco, o santo protetor dos animais, pelo CCZ de São Paulo: “é o momento em que muitos animais vacinados e castrados encontram novos donos” conta Drª Luciana Hardt, diretora do CCZ de São Paulo comemorando o sucesso que a iniciativa vem tendo. O veterinário e adestrador Dan Wroblewski, 43, acredita que o abandono é falta de conscien-tização do que é posse responsável: “com o aumento da insegurança mais pessoas, especialmente da classe média, estão vendo os animais como aliados, mas não se dão conta das responsabilidades que essa companhia exige. Muitas vezes, se entusiasmando com um filhote ou com os conselhos de um conhecido, a pessoa acaba comprando um animal sem se importar com o fato de que ele cresce, adoece, envelhece, exige dedicação, educação e alimentos e nem sempre pode acompanhar o dono em todos os lugares e, sobretudo, lembra, se reproduz”.
-Qualquer aumento de dificuldade pode gerar a necessidade do abandono e isso não é difícil, basta ter um momento de falta de escrúpulo. Dan é proprietário de um Hotel para cães, e freqüen-temente se vê às voltas com animais que são “esquecidos” por seus donos. A incidência é tanta que Dan passou a exigir documentos e comprovantes de residência dos proprietários de seus hóspedes, e mesmo assim, acontece de um ou outro animal ser abandonado.
O período após oNatal é uma temporada de animais abandonados. Pressionados pelas crianças muitos pais adquirem filhotes para doar de presente. No fundo têm esperanças de que os animais ensinarão aos filhos a ter mais responsabilidades, afinal, o compromisso é sempre de que a criança vai incumbir-se de cuidar do cão ou do gatinho.
A rotina do dia a dia, entretanto é diferente. Nem sempre a criança desempenha bem as tarefas, o filhote rói móveis e roupas, faz suas necessidades no tapete da sala e chora no meio da noite. Irritados, pais e mães logo se vêem na compulsão de livrar-se do intruso.
A primeira tentativa é de passar o problema para frente. Querem doar para o avô, o tio que tem chácara, o porteiro do prédio e, diante da total impossibilidade optam pelo abandono.
A maioria dos veterinários têm histórias para contar de ninhadas inteiras abandonadas na porta da clínica, o cãozinho com coleira preso na maçaneta, ou simplesmente largado no interior dos parques.
Os cães, mesmo filhotes, tendem a seguir seus donos, o que já não acontece com os gatos. São esses últimos que infestam os parques, como o Parque da Água Branca, em São Paulo, onde a direção calcula a existência de quase 500 animais. Abandonados, os gatos são alimentados por voluntários, crescem, procriam e aumentam o problema do município.
- A solução é a sociedade aderir à posse responsável – diz Drª. Luciana Hardt – é a pessoa, antes de adquirir o animal conhecer suas necessidades, suas exigências e avaliar se vale realmente à pena ter o bicho ou não. Somente depois de refletir com toda a família, analisando todos os aspectos da vida em comum, ir à busca do animal e, se for o caso, realizar a sua castração para evitar problemas futuros!
Um comentário:
LUCIANA, vc como sempre *sensivel e iluminada de Deus*. Parabens pelo comentario sobre animais. Pessoas fazem esse tipo de maldades pq eles nao sabem falar, pedir ou chorar. Precisamos defender os sereszinhos inocentes que tb sentem medo, frio, fome e carencia de afeto. E principalmente setem dor da crueldade praticada contra eles nas ruas e o pior a dor e a incompreençao do abandono. Obrigada Luciana por esse espaço e pela defesa daqueles que nao sabem se defender pq acreditam no ser humano. Que muitas vezes sao *ceresumanos*.
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